"Raios de Luz"


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

«A unidade dos cristãos é obra e dom do Espírito Santo»

«A comunhão na mesma fé constitui a base para o ecumenismo. Com efeito, a unidade é concedida por Deus, como algo inseparável da fé; São Paulo exprime-o de maneira eficaz: ‘Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que actua acima de todos, por todos e em todos’ (Ef 4, 4-6).

O Concílio Vaticano II recorda que os cristãos, ‘quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua’ (Decreto Unitatis redintegratio, 7). As questões doutrinais que ainda nos dividem não devem ser descuidadas, nem subestimadas. Ao contrário, devem ser enfrentadas com coragem, num espírito de fraternidade e de respeito recíprocos. Quando reflecte a prioridade da fé, o diálogo permite que nos abramos à obra de Deus, com a confiança firme de que não podemos construir a unidade sozinhos, mas é o Espírito Santo que nos orienta para a comunhão plena.

A unidade é em si mesmo um instrumento privilegiado, como que um pressuposto para anunciar de modo cada vez mais credível a fé a quantos ainda não conhecem o Salvador ou que, embora tenham recebido o anúncio do Evangelho, quase esqueceram este dom inestimável. O escândalo da divisão que impedia a actividade missionária foi o impulso que depois deu início ao movimento ecuménico como hoje o conhecemos.

Com efeito, a comunhão plena e visível entre os cristãos deve ser entendida como uma característica fundamental, para um testemunho ainda mais claro. A nossa busca de unidade na verdade e no amor nunca deve perder de vista a percepção de que a unidade dos cristãos constitui uma obra e um dom do Espírito Santo, e vai muito além dos nossos esforços.

O ecumenismo não dará frutos duradouros, se não for acompanhado por gestos concretos de conversão que despertem as consciências e favoreçam a purificação das recordações e das relações. Como afirma o Decreto do Concílio Vaticano II sobre o ecumenismo, ‘não existe um ecumenismo verdadeiro sem a conversão interior’.

Invoquemos com confiança a Virgem Maria, modelo incomparável de evangelização, a fim de que a Igreja, «sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (Constituição Lumen gentium, 1), anuncie com franqueza, também no nosso tempo, Cristo Salvador».

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