"Raios de Luz"


sábado, 30 de junho de 2012

Ensinamentos de São Pedro, o primeiro Papa


Celebrámos ontem a Solenidade de São Pedro e São Paulo. 

Como podemos nós imitar o exemplo destes dois grandes Apóstolos?

Comportando-nos  como verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, seguindo as pegadas de São Pedro e de São Pulo e cumprindo os seus ensinamentos, ao mesmo tempo que reconhecemos as tendências e propostas de vida anti-cristãs que o mundo nos apresenta:

- O mau uso da liberdade:

“Comportai-vos como homens livres, e não à maneira dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malícia, mas vivendo como servos de Deus.” (1 Pedro 2,16)


- A ideia de que a Fé deve ter um papel secundário nas nossas vidas:

“Sede sóbrios e vigiai. O Demónio anda ao vosso redor como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé.” (1 Pedro 5,8-9)

- A proliferação de seitas e falsas doutrinas, deturpando a Verdade revelada por Deus à Sua Igreja:

“Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores que introduzirão disfarçadamente seitas perversas. Muitos seguirão as suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da Verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles hão de enganar-vos através de palavras cheias de astúcia.” (2 Pedro 2, 1-3)


- O incentivo aos prazeres do mundo e da carne, aos impulsos e instintos, fora do contexto de amor que é exigido para a união do homem com a mulher, no Sacramento do Matrimónio:

“Aqueles que correm com desejos impuros atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade, são audaciosos, arrogantes, não temem falar injuriosamente das glórias, têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar.” (2 Pedro  2, 10-14)

                                                                                                                                                                                            
- A tentação de uma sociedade que insiste em convencer-nos que os ”pecados de antigamente” já não existem ou que afinal não são pecados:

Apelo às vossas recordações para despertar em vós uma sã compreensão, e para vos lembrar as profecias dos santos Profetas, bem como os mandamentos do nosso Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos Apóstolos. Sabei antes de tudo o seguinte: nos últimos tempos virão
escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo as suas próprias concupiscências”
(2 Pedro 3, 1-3)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO




“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja. E as portas do Inferno não prevalecerão contra ela.”

A Igreja celebra no dia 29 de Junho a Solenidade de São Pedro e São Paulo.  Estes dois Apóstolos são chamados de “colunas da Igreja”, pois foi por eles e, sobretudo, pelo seu testemunho de fidelidade a Cristo que a Fé e a Doutrina da Igreja Católica se propagaram e consolidaram pelo mundo.

São Pedro, que tinha como nome Simão, era irmão do Apóstolo André. Sendo pescador,  foi chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu-O. Por algumas vezes vacilou na Fé, chegando a negar Jesus na noite da Sua Paixão. Mas foi a ele que Cristo confiou a chaves do Reino dos Céus, tornando-se no Príncipe dos Apóstolos e no primeiro Papa da Igreja.

O seu apostolado terminou selado com o próprio sangue, uma vez que foi martirizado, tendo sido, segundo a tradição, crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como Seu Senhor, Jesus Cristo.

São Paulo, antes de se converter, chamava-se Saulo e era natural de Tarso. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte de muitos deles. Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado.

Tornou-se um grande missionário fundando muitas comunidades cristãs. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação. Escreveu treze cartas e ficou conhecido como “o Apóstolo dos gentios”.

Nesta Solenidade, somos chamados a manifestar de maneira especial, o nosso carinho e fidelidade àquele que Deus colocou no Trono de Pedro, como sinal visível da unidade e santidade da Sua Igreja.

Todos os católicos são convidados neste dia a rezar pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI para que possa, nestes tempos difíceis para a Igreja e para ele próprio, desempenhar fiel e corajosamente a sua tarefa de nos confirmar na Fé e na Verdade.

Na sua primeira carta, São Pedro dirige-se aos líderes das comunidades cristãs:

“Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado  dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação; E quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa eterna de glória.” (1 Pedro 5, 2-4)

Rezemos então pelo Papa e pela Igreja para que, um dia, o Senhor conceda ao nosso Papa Bento XVI, 264º Sucessor de São Pedro, a “coroa eterna de glória” que certamente já lhe está reservada!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Natividade de S. João Baptista


Neste Domingo, 24 de Junho, a Igreja celebra a Natividade de São João Baptista, o único Santo do qual se comemora o nascimento, porque marcou o início do cumprimento das promessas de Deus: João é o profeta que estava destinado a preceder imediatamente o Messias para preparar o povo de Israel para a Sua vinda.

Depois de Nossa Senhora, talvez seja João Baptista o Santo mais venerado pelos Cristãos. De facto, São João e a Virgem Maria eram parentes bem próximos.

Num dos seus sermões, Santo Agostinho explica a relação entre o nascimento de São João e a vinda ao mundo do Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo:

João nasce de uma idosa estéril. Cristo nasce de uma jovem virgem. O futuro pai de João não acredita que este possa nascer e é castigado com a perda da fala; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé.

(...)
Apareceu como o ponto de encontro entre os dois Testamentos, o Antigo e o Novo. O próprio Senhor o testemunha quando diz: “A Lei e os Profetas até João Baptista”. João representa o Antigo e anuncia o Novo. Porque representa o Antigo, nasce de pais velhos; porque anuncia o Novo, é declarado profeta quando está ainda no ventre de sua mãe.

(...)
O facto de Zacarias recuperar a fala ao nascer João tem o mesmo significado que o rasgar-se do véu no templo, ao morrer Cristo na cruz. Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua porque nasce aquele que é a voz.  João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra Eterna.”

São João Baptista é conhecido como modelo dos discípulos e apóstolos de Cristo. Com ele, podemos aprender a ser verdadeiramente cristãos:

- Praticar a virtude da humildade:  São João nunca se deixou exaltar pela sua missão, teve a coragem de se reconhecer sempre pequeno perante Aquele que anuncia e que estava para chegar;

- Reconhecer que a nossa missão no mundo começa no primeiro instante da nossa existência, quando somos concebidos: João foi amado e querido por Deus desde o seio materno e logo chamado a uma vida de intimidade com Cristo – “Ao ouvir a voz de Maria, o menino saltou de alegria no seu seio" (Lc 1, 39-40);

- Preparar a vinda do Senhor:  Tal como São João, somos chamados a estar preparados e a preparar o mundo para o encontro com Cristo, com uma mensagem exigente e uma vida austera, diferente daquela repleta de prazeres e honras, que o mundo nos propõe.

- Pregar a penitência: Através de uma vida extremamente coerente, São João não cessava de chamar os homens à conversão, advertindo: " Arrependei-vos e convertei-vos, pois o Reino de Deus está próximo".

- A fidelidade a Deus até ao limite: O amor e fidelidade a Jesus, ao Evangelho e à Igreja tem sempre os seus riscos. Tal como São João foi morto por causa da sua missão, também nós somos chamados a defender aquilo em que acreditamos até ao extremo, dando a vida por Cristo, se necessário.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Reino de Deus é semelhante a uma semente que cresce

No Evangelho do XI Domingo do Tempo Comum, encontramos Jesus a ensinar através de parábolas, comparando o Reino de Deus com a semente que cresce sem que se perceba. Fala da pequenina semente de mostarda, que ao germinar transforma-se numa árvore enorme, capaz de acolher muitas aves nos seus ramos.


Jesus sabia muito bem como adaptar os Seus ensinamentos através das parábolas, pois desta maneira, as Suas palavras eram facilmente assimiladas, até mesmo pelo mais humilde dos ouvintes.

Ao comparar as sementes que o semeador lança na terra, que germinam, crescem e transformam-se em grandes árvores, sem que o agricultor saiba ou perceba como tudo isso acontece, Jesus quer mostrar que o Reino de Deus tem o seu ritmo próprio de desenvolvimento, independente da preocupação e da actividade humana.

Por tudo isso, não importa como irão desenvolver-se as sementes do Reino que plantarmos. A parte que nos compete é semear. A semente, sem nós percebermos como, dará o seu fruto, em tempo oportuno, quando Deus quiser. O nosso trabalho resume-se em anunciar, testemunhar a Fé em Jesus Cristo e na Sua Igreja e cultivar o amor de Deus nos corações com solos secos, duros e inférteis. Uma vez plantada, lá no íntimo, a semente do Reino desenvolver-se-á e frutifica de maneira misteriosa e silenciosa.

Assim, preparar os terrenos para acolher a semente é a parte mais difícil da nossa tarefa diária. O processo exige conhecimento e um cuidado especial com o solo. O segredo é eliminar a erva daninha dos corações onde queremos chegar com o nosso testemunho e adubar com muita oração e confiança em Deus. Seguindo rigorosamente estas instruções, um dia veremos os frutos.

No nosso dia-a-dia, gostamos muito de ver os resultados das nossas acções. Quando ensinamos alguma coisa que alguém não sabe ou quando ajudamos alguém que está em dificuldades, gostamos de saber se o nosso tempo foi “perdido” ou se, pelo contrário, foi verdadeiramente precioso para aquela pessoa.

Quando trabalhamos pelo Reino de Deus, ou seja, pelo bem da alma do nosso próximo e evangelização nos nossos meios, devemos ter a certeza que a semente plantada não morrerá. Ainda que desanimemos quando não vemos resultados imediatos, sabemos que tudo o que fazemos por amor a Deus vale a pena, pois Ele mesmo cuidará do resto, sem nos apercebermos. Os resultados virão no tempo certo. Virão quando Nosso Senhor entender e quando for mais proveitoso para as nossas almas.

Podemos dizer, por fim, que esta parábola que Jesus nos conta é um apelo à esperança e à confiança em Deus. Tenhamos esta certeza:  tudo o que fazemos por amor a Jesus e à Igreja dará os seus frutos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Papa Bento XVI alerta para dizermos NÃO a uma cultura que nega Deus

«Comecemos com a primeira parte, a renúncia. São três, e tomo primeiramente a segunda: “Renunciais às seduções do mal para que o pecado não vos escravize?”. O que são essas seduções do mal? Na Igreja antiga, e ainda por séculos, aqui existia a expressão: “Renunciais à pompa do Diabo?”, e hoje sabemos qual era a intenção desta expressão “pompa do Diabo”.

(…)

Mas, além do sentido imediato da palavra “pompa do diabo”, quer-se falar de um tipo de cultura, de um modo de viver no qual não conta a verdade, mas a aparência, não se busca a verdade, mas o efeito, a sensação, e sob o pretexto da verdade, destroem-se os homens, que querem destruir-se e criar somente a si mesmos como vencedores.

Então, esta renúncia era muito real: era a renúncia a um tipo de cultura que é uma anti-cultura, contra Cristo e contra Deus.

(…)

Deixo agora, cada um de vós a reflectir sobre esta “pompa do diabo”, sobre esta cultura a que dizemos “não”. Ser baptizados significa justamente, basicamente, um emancipar-se, um libertar-se desta cultura.

Conhecemos também hoje um tipo de cultura no qual não conta a verdade; também se aparentemente quer-se mostrar toda a verdade, conta somente a sensação e o espírito de calúnia e destruição. Uma cultura que não busca o bem, na qual o moralismo é, no fundo, uma máscara para confundir, criar confusão e destruição."

Contra esta cultura, na qual a mentira se apresenta na veste da verdade e da informação, contra esta cultura que busca somente o bem-estar material e nega a Deus, dizemos “não”.»

Peregrinação Aniversária de Junho

Dom José Manuel Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda, presidiu em Fátima à Peregrinação Aniversária de 12 e 13 de Junho, que faz memória da segunda aparição de Nossa Senhora em 1917.
Na sua homilia, fez referência à Mensagem de Fátima e, indo de encontro ao tema da Peregrinação “Que devo fazer para alcançar a Vida Eterna?”, desenvolveu também a questão da salvação e o que é preciso para a alcançarmos:

“Afinal quem pode salvar-se? Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível. O que não se pode conseguir pelas próprias forças, pode ser recebido como um dom. A salvação não se merece, a salvação acolhe-se.

O cristão é aquele que é capaz de dar o salto qualitativo da Fé, passar da pergunta, ‘Que fazer para alcançar a vida eterna?’  para a pergunta ‘Senhor, que queres que eu faça?” e responder ‘Eis-me aqui.’ Como dizia São Bernardo: ‘Deus não nos ama para que sejamos bons e belos, mas torna-nos bons e belos porque nos ama.’ ”

O Bispo de Bragança lembrou que as aparições de Fátima, não acrescentam nada de novo à Verdade revelada por Deus à Igreja, mas confirmam esta mesma Verdade, tornando-a também mais clara para os homens dos dias de hoje:

A mensagem de Fátima não tem o objectivo de completar a revelação feita pelo próprio Cristo, mas ajuda a viver melhor o Evangelho no nosso tempo. Na verdade não se encontra aqui nada que já não esteja presente na Revelação. Neste sentido, as aparições em Fátima não são a ampliação da revelação, mas constituem uma clarificação do querer Divino na situação histórica do nosso tempo.”

Tendo em conta que foi na Aparição de 13 de Junho de 1917 que Nossa Senhora mostrou aos Pastorinhos, pela primeira vez, o Seu Coração e que lhes foi pedida a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, Dom José reflectiu também sobre esta devoção:

“A devoção ao Imaculado Coração de Maria converge para o centro do mistério da redenção, ou seja, no Coração Redentor morto na cruz. Neste mistério de graça e misericórdia, a redenção é maior que o pecado do mundo, como foi repetidamente dito na mensagem de Fátima. O chamamento materno à penitência e à conversão é a expressão do mesmo e único Mistério Pascal de Cristo.

Por fim, Dom José Cordeiro apresentou Nossa Senhora como “Mulher admirável de esperança”:

“Maria aprendeu a esperar. Esperou em confiança o nascimento do Seu Filho, anunciado pelo Anjo; perseverou no acreditar na palavra do mensageiro de Deus, esperou contra toda a esperança aos pés da cruz até ao sepulcro e viveu o sábado santo infundindo a esperança e consolação aos discípulos desiludidos.”

"E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela da esperança? Ela que pelo Seu sim, abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo?” (Papa Bento XVI, Encíclica Spe Salvi)

Homilia completa aqui.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Maria, Mulher Eucarística


Por ocasião da Solenidade de Corpus Christi, que celebramos nesta Quinta-feira, falaremos a respeito da proximidade entre Jesus Eucarístico e a Virgem Maria. Esta reflexão será feita a partir do pensamento do Papa João Paulo II, expresso no documento “A Eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”, Instrumentum laboris, de 7 de julho, do Sínodo dos Bispos no Ano da Eucaristia em 2005.

João Paulo II, cujo pensamento em relação a Maria está intimamente ligado com a consagração total a Santíssima Virgem, foi quem deu início ao “Ano da Eucaristia”, que foi um tempo de muito rico para a Igreja. O Documento do qual tratamos, certamente inspirado nas palavras e no pensamento de João Paulo, que havia falecido a pouco mais de três meses, nos recorda as palavras de Santo Ireneu, que dizia: “A Eucaristia é o resumo e a suma da nossa fé”.

Na Eucaristia vemos a realização da aliança com Deus, a aliança da fé, da qual o homem precisa para viver. “Se não acreditardes, não vos mantereis firmes” (Is 7,9b). A Eucaristia é a Nova e Eterna Aliança, que Jesus Cristo nos deixou no Sacramento do Seu Corpo e do Seu Sangue. Na Eucaristia, pela fé, reconhecemos e acolhemos Jesus Cristo como num encontro, no qual nos envolvemos totalmente, como “Maria, modelo de fé plenamente realizada”.

A Eucaristia é o centro da liturgia, na qual está “presente a Trindade, adorada eternamente por Maria e pelos anjos que servem a Deus, oferecendo-nos um modelo do serviço”. Deus também é adorado pelos santos e justos, que estão na sua presença, intercedendo por nós e pelas almas do purgatório.

Dessa forma, a Igreja manifesta-se como família de Deus, que está diante do Senhor em adoração, mas, ao mesmo tempo, está voltada para aqueles que ainda não alcançaram a salvação. Dentre aqueles que estão diante de Deus, a Virgem Maria ocupa um lugar privilegiado pois cremos, com o Papa Leão XIII, que Ela é a mediadora de todas as graças.

Em conformidade com o pensamento do Papa João Paulo II, afirma-se que: “Entre todos os santos, a Santíssima Virgem Maria resplandece como modelo de santidade e de espiritualidade eucarística”. A Tradição da Igreja atesta que o nome de Maria é recordado com veneração nas orações da Santa Missa. Maria está tão ligada ao mistério eucarístico que, na Encíclica Ecclesia de Eucharistia, João Paulo II a chamou de “Mulher eucarística”.

Em Maria realiza-se a relação entre a Mãe e o Filho de Deus, que recebeu o Seu Corpo e Sangue da Virgem. Nela se realiza também a íntima relação que une a Igreja e a Eucaristia, pois Maria é modelo e figura da Igreja, cuja vida e missão tem a fonte e o ápice no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Maria viveu em espírito eucarístico antes da instituição do Sacramento, pois ofereceu o Seu seio virginal para a encarnação do Verbo. “Durante nove meses, foi o tabernáculo vivo de Deus”. Ela realizou um gesto eucarístico e eclesial, ao apresentar o Menino Jesus aos pastores, aos magos e ao Sumo Sacerdote no Templo. Ofereceu o Fruto bendito do seu ventre ao Povo de Deus e aos gentios, para que O adorassem e O reconhecessem como Messias. A Virgem Mãe, aos pés da cruz, participou dos sofrimentos do seu Filho. Depois, acolheu o Senhor morto nos braços e colocou-O na sepultura, como “semente secreta de ressurreição e de vida nova para a salvação do mundo”. A presença de Maria no Pentecostes, na efusão do Espírito Santo, primeiro dom do Senhor Ressuscitado à Igreja nascente, foi também uma oferta de natureza eucarística e eclesial.

A Virgem Maria, Mãe de Deus que, deu a Sua carne imaculada ao Filho de Deus, estabeleceu para sempre uma relação exclusiva com o Mistério eucarístico. “Em Maria, a mulher eucarística por excelência, a Igreja contempla, não só o seu modelo mais perfeito, mas também a realização antecipada do ‘novo céu’ e da ‘nova terra’, que a criação inteira espera com fervoroso anseio”.

Maria é a mulher eucarística, que gerou o Corpo e o Sangue de Cristo. Por isso, como membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja, somos também formados no ventre virginal de Maria. Nesse processo de formação, a consagração a Nossa Senhora tem particular importância, pois conforma-nos a Jesus Cristo de forma mais plena e faz-nos participar melhor nos Sacramentos, principalmente o da Eucaristia, que é a fonte e o ápice da vida e da missão da Igreja.


Somos chamados a consagrar-nos a Maria, mulher eucarística e a invocar a Sua intercessão, para que sejamos fiéis à missão que nos foi confiada por Cristo, para a maior glória de Deus e para a salvação dos homens e do mundo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Solenidade do Corpo de Deus


Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo,
tão real e perfeito como está no Céu.

Na Solenidade do Corpo de Deus somos convidados a meditar na profundidade do Amor do Senhor, que O levou a ficar oculto sob as espécies sacramentais. Deus não só encarnou num tempo determinado, na pessoa de Jesus Cristo, mas quis ficar sempre connosco na Sua carne. E ficou entre nós em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, tão real e perfeito como está no Céu, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O milagre da transubstanciação, em que o sacerdote, pelo poder do Espírito Santo, transforma o pão e o vinho no verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus é continuamente renovado na Sagrada Eucaristia. O Deus Altíssimo, Senhor dos Céus e da Terra, oferece-Se continuamente no Altar como sustento para o homem e, no Sacrário, espera pelo nosso amor e pela nossa adoração.

Infelizmente, nos dias de hoje, é relativizado o respeito e adoração que devemos ter para com Jesus Sacramentado, assistindo-se a horríveis profanações e sacrilégios contra Nosso Senhor, vivo e presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Muitas vezes, limitamo-nos a uma simples inclinação de cabeça quando passamos diante do Sacrário em vez de uma genuflexão reverente e bem feita, distraímo-nos voluntariamente durante a Missa e fazemos de conta que Jesus não está ali verdadeiramente presente.

Outras vezes, ofendemos este Jesus Sacramentado com cânticos impróprios e com gestos ou posturas que, por muito belos e indicados que sejam para um encontro fora da igreja, em nada se enquadram na celebração do Sacrifício Eucarístico e que em nada proporcionam um ambiente de recolhimento e adoração.

Por outro lado, difunde-se muito – e até exageradamente - a perspectiva de Jesus “amigo” e “irmão”.  É certo que Ele Se fez igual a nós, mas mesmo na Sua vida terena e agora no Santíssimo Sacramento, não deixa de ser Deus e perante Deus a nossa postura deve ser, antes de mais nada, de adoração.

Mas como? Como podemos adorar Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, de uma forma que seja correcta e que Lhe seja agradável?


Aprendamos então, com as sábias palavras do Santo Padre Bento XVI, a adorar Jesus Sacramentado:

“Devemos ajoelhar em adoração diante do Senhor. Adorar o Deus de Jesus Cristo, que Se fez pão repartido por amor, é o remédio mais válido e radical contra as idolatrias de ontem e de hoje. Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, mesmo que seja forte. Nós, cristãos, só nos ajoelhamos diante do Santíssimo Sacramento, porque nele sabemos e acreditamos que está presente o único Deus verdadeiro, que criou o mundo e o amou de tal modo que lhe deu o seu Filho único”.

(…)

Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida, ao imenso universo como à menor criatura, a toda a história humana e à existência mais breve. A adoração é a oração que prolonga a Celebração Eucarística e na qual a alma continua a alimentar-se: alimenta-se de amor, de verdade, de esperança e de paz”.


Analytics