«Um pai amoroso nunca demonstra
melhor a sua ternura e o seu afecto para com os seus filhos do que no fim da
sua vida, quando os vê em torno do seu leito, aflitos e com olhos de pranto, e
pensa que em breve deve abandoná-los. Tira do seu coração e põe sobre os seus
lábios o resto da sua vida, abraça os filhos e exorta-os a serem sempre bons,
imprimindo-lhes no rosto os mais ternos sentimentos. Por fim, relembra sempre o
amor que dedicou durante a sua vida aos filhos.»
Santo Afonso Maria Ligório usa
esta imagem para nos descrever como foi, no decorrer da Última Ceia, a
despedida de Jesus para com os seus discípulos, horas antes de dar a Sua vida
na Cruz.
Jesus Cristo, verdadeiro Pai da
nossa alma, embora em toda a Sua vida nos tivesse dado provas do seu amor
infinito, quando chegou o termo dos seus dias, quis dar-nos a prova mais
patente: a instituição do Santíssimo
Sacramento, e por isso, na noite em que sabia que ia ser entregue por um
dos Seus discípulos, reuniu-os ao Seu redor e instituiu a Santíssima
Eucaristia.
Escondido debaixo das espécies
sacramentais, Jesus deixou-nos o Seu Corpo, Alma e Divindade - inteiramente
todo o Seu ser. Jesus quis fazer-se nosso sustento, a fim de que, intimamente
ligado à nossa alma, nos santifique com a Sua presença.
Será que neste dia em que
celebramos a instituição da Santíssima Eucaristia, e durante todo o ano temos
consciência de que é verdadeiramente o Corpo, Sangue Alma e a Divindade de
Jesus que comungamos? As nossas atitudes depois da Santa Missa são
correspondentes de quem é Sacrário Vivo e que guarda em si mesmo Jesus Morto e
Crucificado por nós?
Procuremos avivar a nossa fé para
recebê-Lo com as devidas disposições, dilatando o nosso coração pela confiança
e lembrando-nos que Ele vem até nós porque nos ama e para nos enriquecer com as
Suas graças.
Humilhemo-nos perante a Sua
Divina Majestade e lembremo-nos que, muitas vezes, em vez de O amarmos, O temos
magoado e Lhe voltado as costas, desprezando o Seu amor para connosco.
Façamos nossas as sábias palavras
do doutor angélico, Santo Afonso:
«Vinde, ó Meu Jesus. Vinde depressa e não tardeis. Ó meu único e
infinito Bem, meu tesouro, minha vida, meu amor, meu paraíso, quisera receber-Vos
com aquele amor que Vos receberam as almas mais santas e puras, com que Vos
recebeu Maria Santíssima.
Santíssima Virgem e minha Mãe querida, dai-me hoje o Vosso Jesus, assim
como O destes aos pastores e aos Magos. Desejo recebê-Lo de Vossas mãos
puríssimas. Dizei-lhe que sou Vosso servo e devoto, porque assim me olhará com
olhar mais amoroso e me apertará mais estreitamente contra o Seu Coração,
quando vier a mim.»
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