Nesta quarta-feira da Semana
Santa, contemplemos os outros bárbaros suplícios que os soldados infligiram a
Nosso Senhor já tão atormentado. Como afirma São João Crisóstomo, subordinados
pelo dinheiro dos judeus, reúnem ao redor de Jesus toda a corte, põem-lhe aos
ombros um manto escarlate como que a servir de manto real, nas mãos uma cana a
servir de ceptro e sobre a cabeça um feixe de espinhos a servir de coroa.
Oh meu Jesus e meu rei! Quanto sofrestes Vós nas mãos dos algozes. Já
não bastavam os açoites e a condenação, como ainda Vos escarneceram e troçaram
de Vós!
Os espinhos da coroa eram
carregados sobre a cabeça de Jesus, com a força das mãos dos malfeitores e
cravavam-se-Lhe na Sua Sagrada Face. Gotas de Sangue escorriam no rosto de
Jesus. Imaginemos o quanto sofreu o nosso Salvador com aqueles espinhos todos a
perfurarem-lhe a testa e a cabeça.
Mas como, para os soldados, isso
não bastava, ainda pegaram na cana que 'servia de ceptro' e enquanto O
escarravam o rosto, batiam-lhe também no rosto com toda a força sobre a cruel
coroa e rios de sangue corriam da cabeça ferida até ao resto do corpo.
Santo Afonso, ao meditar nestes
momentos da vida de Jesus, exclama: «Minha
alma, prostra-te aos pés do teu Senhor coroado; detesta os teus consentimentos
pecaminosos, e roga-Lhe para que, também a ti, te trespasse um daqueles
espinhos, consagrados pelo Seu Preciosíssimo Sangue, a fim de que não O voltes
a ofender».
Voltando outra vez Jesus ao
Pretório de Pilatos, depois da flagelação e da coroação de espinhos, este, ao
vê-lo todo dilacerado e desfigurado,
pensou em como comover o povo à compaixão e apresentou-O ao povo dizendo: "Ecce homo" - Eis o Homem. E nós? Como nos deteríamos diante de tão
triste espectáculo? Como reagiríamos ao ver Jesus naquele estado diante de nós?
De certo faríamos como Pilatos e lavaríamos as mãos. Quantas vezes os nossos
pecados ferem o coração dilacerado de Jesus e não nos importa a forma como Ele
é escarnecido e maltratado?
«Ah, Meu Jesus! Quantos papéis de teatro Vos fizeram os homens
representar, mas todos eles de dor e ignomínia! Ó dulcíssimo Redentor, não
encontraste compaixão diante daqueles homens atrozes!»
Também nós, quando ferimos Jesus
com os nossos pecados dizemos-Lhe, como disseram os judeus, «crucifica-O,
crucifica-O». Hoje, detenhamo-nos no arrependimento dos nossos pecados, mais do
que todos os outros males que afligem a nossa alma, e procuremos fazer nossas
as palavras de Santo Afonso: «Amo-Vos
sobre todas as coisas, ó Deus da minha alma. Perdoai-me pelos merecimentos da Vossa
Paixão. Ó Mãe das Dores, fazei que no dia do juízo, eu seja salvo pelo Vosso
Filho!».
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