«Puseram-Lhe a coroa de espinhos na cabeça. Essa tinha dois
palmos de altura, era muito espessa e trançada com arte; em cima tinha uma
borda um pouco saliente. Puseram-Lha em redor da fronte, como uma ligadura e
ataram-na atrás com muita força, de modo que formavam uma coroa ou um chapéu.
Era artisticamente trançada de três varas de espinheiro, da grossura de um
dedo, que tinham crescido alto, através dos espessos arbustos. Os espinhos,
pela maior parte, foram propositadamente virados para dentro.
Pertenciam a três diferentes espécies de espinheiros, que
tinham alguma semelhança com a nossa cambroeira, o abrunheiro e espinheiro
branco. Em cima tinham acrescentado uma borda, trançada de um espinheiro
semelhante à nossa sarça silvestre e pela qual pegavam e puxavam brutalmente a
coroa. Puseram-Lhe também na mão um grosso caniço, com um tufo na ponta.
Fizeram tudo isso com solenidade derrisória, como se O coroassem de facto rei.
Tiravam-Lhe o caniço da mão e batiam com tanta força na coroa, que os olhos de
Nosso Senhor se enchiam de sangue.
Curvavam os joelhos
diante d'Ele, mostravam-Lhe a língua, batiam e cuspiam-Lhe no rosto, gritando: "Salve, rei dos judeus!"
Depois, entre gargalhadas, fizeram-nO cair no chão, junto com o escabelo e
tornaram a colocá-Lo sobre ele aos empurrões. Jesus sofreu horrível sede; pois
em consequência das feridas, causadas pela desumana flagelação, estava com
febre e tremia; a pele e os músculos dos lados estavam dilacerados e deixavam
entrever as costelas em vários lugares; a língua contraía-se-Lhe
espasmodicamente; somente o sangue sagrado que lhe corria da fronte, se
compadecia da boca ardente, que se abria ansiosa.
Mas aqueles homens horríveis tomaram-Lhe a boca divina por
alvo de nojentos escarros. Jesus foi assim maltratado por cerca de meia hora e
a tropa, cujas fileiras cercavam o pretório, aplaudia com gritos e
gargalhadas».
Dos Escritos da Beata Anna Katharina Emmerich
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