No dia 2 de Abril de 2005, pelas 21h37 (hora de Roma - menos uma em Lisboa), o Papa João Paulo II entregava a sua alma a Deus. Vale a pena meditar em algumas linhas do seu testamento:
«Hoje desejo acrescentar-lhe
só isto: que todos devem ter presente a
perspectiva da morte. E deve estar preparado e apresentar-se diante do
Senhor e do Juiz e contemporaneamente Redentor e Pai. Então também eu tomo em
consideração isto continuamente, entregando
aquele momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja à Mãe da minha
esperança.
Os tempos em que vivemos são
indizivelmente difíceis e preocupantes. Tornou-se também difícil e tensa a vida
da Igreja, prova característica daqueles tempos tanto para os Fiéis como para
os Pastores. Nalguns Países, a Igreja encontra-se num período de tal
perseguição, que não é inferior à dos primeiros séculos, até os supera pelo
grau de crueldade e de ódio. Sanguis martyrum
semen christianorum. E além disso tantas pessoas desaparecem inocentemente,
também neste País em que vivemos...
Desejo confiar-me mais uma vez
totalmente à graça do Senhor. Ele mesmo decidirá quando e como devo terminar a
minha vida terrena e o ministério pastoral.
Na vida e na morte Totus Tuus mediante
a Imaculada.
Aceitando já agora esta morte,
espero que Cristo me conceda a graça para a última passagem, isto é a [minha]
Páscoa. Espero também que a torne útil para esta mais importante causa à qual
procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana, e nela
de todas as nações e dos povos (entre eles o coração dirige-se de maneira
particular para a minha Pátria terrena), útil para as pessoas que de modo
particular me confiou, para a questão da Igreja, para a glória do próprio Deus.
À medida que se aproxima o
limite da minha vida terrena volto com a memória ao início, aos meus Pais, ao
Irmão e à Irmã (que não conheci, porque morreu antes do meu nascimento), à
paróquia de Wadowice, onde fui baptizado, àquela cidade da minha juventude, aos
coetâneos, companheiras e companheiros da escola elementar, do ginásio, da
universidade, até aos tempos da ocupação, quando trabalhei como operário, e
depois na paróquia de Niegowic, na paróquia de São Floriano em Cracóvia, à
pastoral dos académicos, ao ambiente... a todos os ambientes... a Cracóvia e a
Roma... às pessoas que de modo especial me foram confiadas pelo Senhor.
A todos desejo dizer uma só
coisa: "Deus vos recompense".
"In manus Tuas, Domine, commendo
spiritum meum".
Fonte: Vaticano.va
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