«Os carrascos tiraram então o
manto do Senhor, que Lhe tinham antes enrolado em redor do peito; tiraram-Lhe o
cinturão, com as cordas e o próprio cinto. Despiram-na da longa veste de lã
branca, passando-a pela cabeça, pois estava aberta no peito, ligada com
correias.
Depois lhe tiraram a longa faixa estreita, que caia do pescoço sobre
os ombros e como não Lhe podiam tirar a túnica sem costuras, por causa da coroa
de espinhos, arrancaram-Lhe a coroa da cabeça, reabrindo assim todas as
feridas; arregaçando depois a túnica, puxaram-lha, com vis gracejos, pela
cabeça ferida e sangrenta. Os carrascos juntaram as vestes
de Jesus no lugar onde tinham jazido os ladrões e fizeram delas vários lotes,
para tirar à sorte. O manto era mais largo em baixo do que em cima e tinha
várias pregas; sobre o peito estava dobrado e formava assim bolsos.
Rasgaram-no
em várias tiras, como também a longa veste branca, aberta no peito, onde havia
correias para atá-Ia e distribuíram-nas pelos lotes; assim fizeram também
várias partes da faixa de pano que vestia em volta do pescoço, do cinto, do
escapulário e do pano com que cobria o corpo; todas essas vestes estavam
ensopadas do sangue de Nosso Senhor.
Como, porém, não chegaram a um
acordo a respeito da túnica sem costuras, que, rasgada em partes, não serviria
mais para nada, tomaram uma tabuleta com algarismos e dados em forma de favas,
com marcas, que trouxeram consigo e jogando esses dados, tiraram à sorte a
túnica. Viu-lhes. porém, um mensageiro de Nicodemos e José de Arimatéia,
dizendo-lhe que ao pé do Cal vário havia quem quisesse comprar as vestes de
Jesus; juntaram então depressa todas as vestes e, correndo para baixo,
venderam-nas; assim ficaram essas relíquias com os cristãos».
Dos Escritos da Beata Anna Katharina Emmerich
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