A Vila de Mafra viu hoje sair à
rua a primeira das quatro Procissões Quaresmais que compõem as celebrações da
Quaresma e da Semana Santa. A Procissão do Senhor dos Passos, também conhecida
por Procissão do Encontro, realiza-se nesta Vila desde a segunda metade do
século XVIII.
Inicialmente, a Procissão do
Senhor dos Passos saía da Basílica e a de Nossa Senhora da Soledade saía da
Capela do Campo Santo, no Palácio. Actualmente o andor com Jesus a caminho do
Calvário sai da Basílica e o andor com a Virgem Lacrimosa sai do claustro sul
do Palácio.
Tal como tem acontecido nos
últimos anos, foi celebrada a Santa Missa antes da Procissão pelo Rev. Prior de
Mafra - Padre Luís Barros. Esteve também presente o Rev. Padre Rui Cantarilho,
das Paróquias de Arranhó e de São Tiago dos Velhos, no concelho de Arruda dos
Vinhos, tendo este pregador proferido o Sermão do Encontro, do qual deixamos
agora algumas meditações:
«Por tradição, seguimos Jesus a
caminho do Calvário mas esquecemo-nos que seguir Jesus não traz facilidades.
Queremos segui-Lo sem a cruz, sem dor, sem sangue. Mas isso não nos traz a
Salvação! Neste caminho, seguimos o próprio Deus: Aquele que nos criou do pó da
terra e que nos fez à Sua imagem e semelhança.»
O Padre Rui Cantarilho, fazendo também
alusão ao evangelho deste Domingo dizia que o discípulo João que viu Jesus
transfigurado no Monte Tabor, tal como seu irmão Tiago e com São Pedro, foi o
único que seguiu Jesus desfigurado no caminho para o Calvário.
«Quantos temos a coragem de
carregar a cruz, de levar o coroa de espinhos e de ser maltratados em nome de
Deus?», interrogou o pregador.
A Quaresma é por excelência o
tempo em que somos convidados a reconhecer os nossos pecados e a aproximar-nos
do Sacramento da Penitência. O Padre Rui alertou ainda para «não esperar que
seja Sexta-feira Santa para enterrar os nossos pecados que nos fazem morrer aos
poucos para Deus. É necessário pedir-Lhe perdão e segui-Lo até à cruz».
Fazendo referência ao gesto de
Verónica - que vendo Jesus cheio de sangue enquanto caminhava para o Calvário,
lhe limpou o rosto - o pregador dizia que «o rosto de Jesus não ficou só
marcado na toalha, mas também na sua alma. Que bom seria se também em nós, Deus
pudesse imprimir o Seu rosto no nosso coração!».
O sermão terminou com uma
referência ao silêncio contemplativo da Virgem Maria, sofrendo cada atrocidade
que faziam a Seu Filho: «Oh Santíssima Virgem, ensinai cada um de nós a olhar
para o rosto do Vosso Filho, a chegar aos pés da Cruz, para que um dia possamos
também chegar à alegria da glória!»
Terminado o sermão, a procissão
percorreu o terreiro em frente à Basílica, tendo terminado com a bênção do
Santo Lenho - um pedaço da cruz de Jesus.
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