«A Bélgica aprovou na semana passada uma lei que permite que uma criança peça a eutanásia. Não bastava que já existisse uma lei semelhante para os adultos. Agora estendeu-se a lei também às crianças (entenda-se, de facto, aos seus pais). Trata-se de um “direito a morrer”, dizem os defensores da legislação, como se a morte fosse um direito.
A Bélgica poderá ser o primeiro
país europeu a fazê-lo. Mas, não tenhamos dúvidas, outros seguirão a “moda”. A
vida parece que não vale por si. Parece que só vale se for vivida com todas as
condições, todos os confortos, todo o bem-estar: parece que foi a estas
realidades que acabámos por reduzir a existência humana. Um destes dias
chegaremos a uma lei que autoriza a eutanásia a quem não possuir algumas casas,
uma boa conta bancária, e vários aparelhos de TV ou carros de boa marca…
A Europa, incapaz de encontrar em
si mesma e no seu modo de vida as razões para viver, cansada de uma vida sem
sentido, centrada no ter e no bem-estar, parece preferir morrer. E diz que isto
é civilização. Não admira que, depois, não seja capaz de resolver os outros
problemas económicos ou sociais que se lhe deparam.
Ao contrário, noutros continentes
e noutros países, homens e mulheres, apesar de todas as más condições, apesar
de serem tratados quase como escravos (ou de o serem mesmo), lutam pela vida,
pela própria vida e pela vida daqueles que mais sofrem, até ao limite das suas
forças.
Noutros tempos, ditos primitivos,
os leprosos eram obrigados a viver fora da sociedade para não contaminarem o
resto da população, mas ninguém ousava provocar-lhes a morte. A medicina ainda
não tinha chegado ao saber necessário para os curar, mas a sua vida era
sagrada. Hoje regressámos, de facto, ainda mais atrás no que respeita à
evolução humana.
Mas, no seio de um continente
como a Europa, em que o cristianismo era vivido pela esmagadora maioria da sua
população, um dos caminhos que nos fez chegar a esta situação de “vontade de
morrer” só pode ter sido o enfraquecimento da própria vida cristã. Para nós,
cristãos, a vida é sagrada. Mas será que, de facto, o vivemos assim?»
D. Nuno Brás, in Voz da Verdade
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