«A Revelação cristã conhece
dois modos específicos de realizar a vocação da pessoa humana na sua totalidade
ao amor: o Matrimónio e a Virgindade.
Quer um quer outro, na sua respectiva forma própria, são uma concretização da
verdade mais profunda do homem, do seu ‘ser
à imagem de Deus’.
Por consequência a
sexualidade, mediante a qual o homem e a
mulher se doam um ao outro com os actos próprios e exclusivos dos esposos,
não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo
da pessoa humana como tal. Esta realiza-se de maneira verdadeiramente humana,
somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham
totalmente um para com o outro até à morte.
A doação física total seria falsa
se não fosse sinal e fruto da doação pessoal total, na qual toda a pessoa,
mesmo na sua dimensão temporal, está presente: se a pessoa se reservasse alguma
coisa ou a possibilidade de decidir de modo diferente para o futuro, só por
isto já não se doaria totalmente.
Esta totalidade, pedida pelo
amor conjugal, corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável,
que, orientada como está para a geração de um ser humano, supera, por sua
própria natureza, a ordem puramente biológica, e abarca um conjunto de valores
pessoais, para cujo crescimento harmonioso é necessário o estável e concorde
contributo dos pais.
O ‘lugar’ único, que torna
possível esta doação segundo a sua verdade total, é o Matrimónio, ou seja o pacto de amor conjugal ou escolha consciente
e livre, com a qual o homem e a mulher recebem a comunidade íntima de vida e de
amor, querida pelo próprio Deus que só a esta luz manifesta o seu verdadeiro
significado.
A instituição matrimonial não
é uma ingerência indevida da sociedade ou da autoridade, nem a imposição
extrínseca de uma forma, mas uma exigência interior do pacto de amor conjugal
que publicamente se afirma como único e exclusivo, para que seja vivida assim a
plena fidelidade ao desígnio de Deus Criador. Longe de mortificar a liberdade
da pessoa, esta fidelidade põe-na em segurança em relação ao subjectivismo e
relativismo, fá-la participante da Sabedoria Criadora»
São João Paulo II
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