«... Tomando um aspecto mais triste, Nossa Senhora disse-nos:
“Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial
sempre que fizerdes algum sacrifício: ‘ Ó meu Jesus, é por Vosso Amor, pela
conversão dos pecadores e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado
Coração de Maria’ “.
Ao dizer essas palavras, Nossa
Senhora abriu de novo as mãos, como nos dois meses anteriores. O reflexo de luz
pareceu penetrar na terra, e vimos um mar de fogo.
E mergulhados nesse fogo,
estavam os demónios e as almas condenadas, como se fossem brasas transparentes
e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam nesse incêndio,
levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo
caindo para todos os lados, semelhantes ao cair das fagulhas nos grandes incêndios,
sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que
horrorizaram e faziam estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por
formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas
incandescentes como negros carvões em brasa.
Assustados e como que a pedir
socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e
tristeza:
“Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores! ...»
Nos dias de hoje tenta-se
desacreditar, abafar e até mesmo negar algumas verdades de Fé divinamente
reveladas por Deus através da Sua Igreja.
A verdade de Fé que ensina a existência
de Satanás como inimigo da nossa alma e do Inferno como lugar de tormentos
eternos, é incómoda para um mundo secularizado, que vê nas coisas materiais o
maior dos males, que idolatra o bem-estar e exalta o prazer. Até nas igrejas,
falar ou pregar sobre a doutrina do Inferno é quase inaceitável para quem
acredita num Deus que é Amor, esquecendo que, a par desse Amor infinito e
perfeito, Ele é também perfeitamente Justo.
Mas mais inaceitável ainda é
falar às crianças da catequese desse lugar terrível. Há o medo infundado de
“assustar” as crianças. Assim, prefere-se omitir este dogma, sobrepondo uma
importantíssima necessidade espiritual a um (baixo) risco, meramente humano, de
“traumatizar” os mais pequeninos.
Prevendo estes dias de falta
de fé e de descrença, a Virgem Santíssima quis, no dia 13 de Julho de 1917,
provar a existência do Inferno, alertando o mundo que este é verdadeiramente um
lugar de tormentos eternos e que não está vazio.
E como o fez? A Mãe do Céu não
se limitou a dizer aos Pastorinhos que o Inferno existe ou a descrevê-lo. Isso
bastaria para eles acreditarem. Mas não! Ela não hesitou em mostrá-lo, sem
aviso, a três crianças inocentes, a mais pequenas das quais com apenas 7 anos
de idade! E qual foi a consequência desta visão, após o susto inicial? Pesadelos? Stress pós-traumático? Choro compulsivo e desejo de não
querer voltar mais àquele sítio?
Não! Naquelas três crianças nasceu um profundo sentimento de “pena
dos pecadores” (palavras da Jacinta) e um forte desejo de salvação das almas.
Reparemos que Nossa Senhora
disse aos Pastorinhos: “Vistes o Inferno” e não “Vistes uma representação” ou “uma ideia do Inferno”. Longe de ser uma
metáfora, um estado de alma ou a simples ausência de Deus, como hoje muito se divulga, a Virgem confirmou a doutrina sempre ensinada pela Igreja: o Inferno é
um lugar real, "para onde vão as almas dos pobres pecadores".
Alguns anos antes das
Aparições de Fátima, o Papa São Pio X dizia que “o Inferno é o sofrimento eterno, que consiste na privação de Deus, de
toda a nossa esperança e felicidade, e no fogo com todos os outros males, sem
bem algum”.
A Igreja sempre ensinou a
doutrina do Inferno, não para que vivamos amedrontados mas sim para que estejamos
alertas e vigilantes para o perigo de cair irremediavelmente nas garras do Demónio.
Lembremo-nos frequentemente
desta verdade de Fé, não tanto por temor mas antes por amor a Jesus e para nossa própria santificação. Que a lembrança de que o Inferno existe nos leve a desejar cada vez mais a conversão dos pecadores, rezando por eles, seguindo
o exemplo dos Pastorinhos de Fátima.
Sem comentários:
Enviar um comentário