«Admirável foi este santo varão
pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só depois da separação que
fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito religioso. Na oração foi
tão incessante que admirava os faziam por ser seus imitadores. Faltava com o
descanso ao corpo para se aproveitar da maior
parte da noite rezando mental e vocalmente.
Na presença da soberana imagem
da Virgem Maria, Senhora Nossa, com o título da Assunção, derramava copiosas
lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes, Lhe expunha as suas súplicas
nas ocasiões que para si ou para os seus protegidos Lhe pedia favores.
Exemplaríssima foi a humildade
com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba:
antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá -la dos ânimos dos que
lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Depois de religioso, foi o
servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade. Não se contentava com
distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no mundo fazia; mas pelas próprias
mãos, na portaria deste convento, remediava
a cada um a sua necessidade.
Não menos caritativo era para
com o seu próximo nas ocasiões que se lhe ofereciam de lhe acudir nas
enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os alimentos
necessários, mas com os regalos administrados por suas próprias mãos.
Velava noites inteiras por não
faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam. Continuando o Venerável
Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros
fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças, que no corpo apenas
conservava alguns alentos para poder mover se.
Entrando enfim na última
agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem a Paixão de
Cristo escrita pelo evangelista São João; logo que chegou à cláusula do
Evangelho onde o mesmo Cristo, falando com Sua Mãe Santíssima a respeito do
amado discípulo, lhe diz: ‘Eis o teu filho’,
deu ele o último suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que a
criara».
Homilia do Santo Padre Bento XVI na sua canonização
Homilia do Santo Padre Bento XVI na sua canonização
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