"Raios de Luz"


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Conferência sobre a Santa Missa

No dia 18 de Abril realizou-se em Lisboa uma conferência sobre a Santa Missa, na igreja de São João de Deus, no seguimento de um ciclo de conferências “Verdades da Fé em Conversa”, promovido pelas Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS) e a JMV Sobreiro não deixou de estar presente.

O conferencista foi o Pe. Hugo Santos, capelão da Universidade Católica de Lisboa, que começou por explicar que desde sempre o Homem tenta relacionar-se com a divindade, tendo percebido ao longo do tempo que os cultos antigos (pagãos e de panteísmo) não eram cultos de adoração ao verdadeiro Deus.
«Em determinado momento da História– diz o Pe. Hugo - Deus escolhe um povo, o povo de Israel, para fazer passar a Sua mensagem até à Encarnação do Seu Filho».

Para fazer perceber o significado mais profundo da Missa, o Pe. Hugo centrou o seu discurso na palavra “entrega”. De facto, «desde a entrega das ofertas de Abel e Caim, passando pela entrega de Isaac por Abraão, todos estes elementos de entrega no Antigo Testamento estão presentes na Missa, que é a entrega completa de Jesus a Deus, para salvação do mundo. Depois do sacrifício de Jesus na Cruz, já não são cordeiros animais que são imolados em expiação dos pecados do povo, mas o próprio Filho de Deus, o Cordeiro de Deus que Se entrega em cada Missa».
Em seguida o Pe. Hugo questionou: Que importância damos nós a esta entrega de Jesus, que importância damos à Missa? Somos como Caim, que escolhe o que há-de dar a Deus? Ou como Abel, que entrega a primeira coisa que tem?
De facto, «a Missa deve ser o centro de toda a nossa vida. Se faltámos à Missa ao Domingo, foi porque colocamos outra coisa acima de Deus. Ir à Missa adorar a Deus e reconhecer o que Ele fez e continua a fazer por nós, é o cumprimento do Primeiro Mandamento da Lei de Deus».
 
Falando depois um pouco de Liturgia, o conferencista deu o exemplo do Rei David, que queria construir um templo segundo as suas inspirações, mas foi o seu filho Salomão que acabou por construí-lo, assim como alguns rituais, segundo as inspirações que o próprio Deus lhe ditara.

«A Liturgia não é nossa, não é obra nem propriedade do homem. A Missa é uma resposta ao querer de Deus, na qual o Seu Filho Se oferece, para poder pagar a dívida dos nossos pecados que nós, como homens, não conseguimos pagar» - conclui o Pe. Hugo.
Mas quando e como se iniciou esta entrega de Cristo, que se actualiza nos nossos altares todos os dias?

«Na Cruz. O Sacrifício de Cristo na Cruz foi a primeira Missa, foi a entrega de Jesus pela Humanidade para nos salvar do pecado e libertar da dívida que contraímos com Deus, sempre que pecamos. Esta Missa, esta entrega, foi antecipada um dia antes, na Última Ceia, na qual Jesus deu o Seu Corpo, a Sua carne e o Seu sangue aos amigos mais próximos, em antecipação ao sacrifício que, horas depois, iria oferecer na Cruz em nosso favor».

Neste contexto, foi explicado pelo Pe. Hugo que se deve estar e participar na Missa da mesma maneira e com a mesma postura com que Nossa Senhora, as Santas Mulheres e São João estiveram aos pés da Cruz no Monte Calvário.
«A forma como nos comportamos na Missa reflecte o nosso discernimento e maturidade acerca do que ela é verdadeiramente. Os cânticos, a atitude, a forma de vestir na Missa… Devem reflectir aquilo em que acreditamos, devem ser o espelho de como vivemos a nossa Fé. Devemos estar com devoção, recolhidos, imitar o silêncio aceitador de Maria e não como assistentes de um espectáculo, acompanhantes de outros ou ‘ficar para ver o que se está a passar’, como meros curiosos».
Quase a terminar, o Pe. Hugo falou da Presença verdadeira e real de Jesus Cristo nas aparências do pão e do vinho. Ainda que os nossos olhos continuem a ver um pedaço de pão e um líquido que parece vinho, sabemos pela Fé que está ali verdadeira e realmente presente Jesus Cristo, a Sua carne, o Seu sangue, a Sua alma e divindade, tão real e verdadeiro como está no Céu.
«Como é possível que nos atrevamos a aproximar do próprio Deus e o comunguemos? Nenhum de nós, por nós mesmos, tem o direito à comunhão. Recebemo-la porque é um dom de Deus e porque foi Ele que quis ficar sempre connosco».
Por fim, o Pe. Hugo fez uma pequena abordagem à importância de recebermos Jesus apenas quando estamos em estado de graça, ou seja, confessados e livres de pecados mortais. É o mínimo que Jesus exige de nós: «Que limpemos e arrumemos a casa antes de Ele entrar».
Dignas de registo são as palavras finais do Padre Hugo, que mostram a importância de aprofundar em nós esta devoção ao Santíssimo Sacramento, a este Jesus que se dá todo por Amor:
«Jesus não se importa de estar sozinho em todos os sacrários de todas a igrejas do mundo, esperando que cada um O encontre e esteja com Ele sempre que queira e precise, nem que seja para dizer apenas, como muitos Santos: ‘Senhor, estás aí e eu estou aqui’!».
E  quão simples e bonita é esta profissão de Fé!
NOTA: A imagem de Jesus crucificado pertence ao retábulo do
Altar da Igreja do Santuário do Bom Jesus,  em Braga,
representando o Sacrifício de Jesus no Monte Calvário.

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