"Procurai o mérito, procurai a causa,
procurai a justiça;
e vede se encontrais outra coisa que não
seja a graça de Deus". (Sto. Agostinho)
O santo tempo da Quaresma que
se inicia nesta quarta-feira, com a Imposição das Cinzas, convida-nos à
conversão. Ao recebermos sobre a nossa cabeça as cinzas escutamos uma das duas fórmulas possíveis: "Convertei-vos e acreditai no
evangelho", ou "Recorda-te
que és pó e ao pó hás-de voltar".
Não hesitemos em reencontrar o
amor de Deus do qual muitas vezes no afastamos através do pecado. Com um
verdadeiro espírito de penitência e arrependimento iniciamos o tempo favorável
da Quaresma, como nos recordou São Paulo: "Aquele
que não havia conhecido o pecado, diz ele, Deus o fez pecado por nós, para que
nos tornássemos, nele, justiça de Deus" (2Cor 5, 21), para nos
deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus.
A liturgia da Quarta-Feira de
Cinzas aponta-nos como deve ser vivido todo o tempo da Quaresma: uma sincera
conversão do coração a Deus. A imposição das cinzas que se faz neste dia deve
fazer-nos conscientes da necessidade de uma mudança interior, de conversão e de
penitência; bem como da fragilidade da condição humana.
Nestes quarenta dias que temos
diante de nós até às solenidades Pascais devemos aprofundar esta extraordinária
experiência espiritual. O Evangelho deste dia apresenta-nos Jesus a indicar
quais são os instrumentos úteis para realizar uma verdadeira renovação
interior: a esmola, a oração e o jejum.
Estes gestos exteriores, demonstram a determinação do coração em servir Nosso
Senhor com simplicidade e generosidade.
O jejum que somos convidados a fazer neste tempo não tem motivações
de ordem física ou estética, mas provém da exigência que o homem tem de uma
purificação interior; daquelas renúncias saudáveis que libertam o cristão do
egocentrismo, tornando-o mais atento à Palavra de Deus e ao serviço dos irmãos
como refere o Santo Padre na sua Mensagem para a Quaresma 2013.
Com a oração unimo-nos ao Senhor, procurando fazer presente a Sua Palavra
e a Sua vontade nos nossos dias. Desta forma, não devemos esquecer o preceito
da Igreja, de pelo menos pela Páscoa nos abeirarmos do Sacramento da Confissão.
Com o coração limpo do pecado, de certo chegaremos a uma maior intimidade com
Deus.
Através da esmola que damos, mais do que uma
simples dádiva, está presente a caridade e a renúncia. Neste tempo devemos
abster-nos de coisas supérfluas e partilhar com os que menos têm,.
São João Crisóstomo, numa das
suas homilias dizia: "Como no findar do Inverno volta a
estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a barca, o soldado limpa as
armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice; assim também
nós, no início deste sagrado tempo, quase no regresso de uma Primavera
espiritual limpamos as armas como os soldados, limamos a foice como os
agricultores e reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas
das paixões. "
Procuremos neste Tempo da
Quaresma convertermo-nos a Deus de todo o coração, praticando a esmola e o
jejum e fortificando a nossa oração para que possamos, tal como Santo Afonso
Maria Ligório rezar ao nosso Redentor:
Ó meu amabilíssimo Redentor,
consenti que eu una a minha abstinência,
à que Vós, com tanto rigor, por mim
quisestes observar no deserto.
Concedei também que nesta união
eu a ofereça ao Pai Divino,
como desconto dos meus pecados,
pela conversão dos pecadores
e em sufrágio das santas almas do
Purgatório.
Tenho intenção de renovar todos os dias
esta oferta,
durante o Santo Tempo da Quaresma,
«Vós, porém, ó Senhor,
concedei-me a graça de começar este solene
jejum,
com divina piedade e de continua-lo com
devoção constante»,
a fim de que, chegada a Páscoa,
depois de ter ressurgido conVosco para a
vida da graça,
seja digno também de ressuscitar um dia par
a vida eterna.
Ámen.
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