Durante o Tríduo Pascal, o Papa
Bento XVI presidiu a todas as celebrações nas quais se comemorou a Paixão,
Morte e Ressureição de Jesus. Nas suas mensagens, falou em temas tão diversos
como a obediência devida ao Magistério da Igreja, o valor da família cristã, a violência
nos países do Médio Oriente e os apelos à paz.
Na Quinta-Feira Santa de manhã, o
Santo Padre celebrou a Missa Crismal, em união com todo o clero da cidade de
Roma. Na sua homilia, Bento XVI chamou à atenção para a obediência que devemos
ter à Doutrina e ao Magistério da Igreja, se nos queremos dizer católicos. Nos tempos de hoje, muitas são as vozes que começam a fazer-se ouvir no sentido de tentar moldar e até democratizar a Igreja e a Fé de acordo com o pensamento do mundo. As palavras do Romano Pontífice foram uma explícita alusão a grupos de sacerdotes que defendem publicamente, em
vários países da Europa, reformas que a Igreja Católica devia fazer, como por
exemplo tornar o celibato facultativo para os sacerdotes e a admissão de
mulheres ao sacerdócio:
“Recentemente, num país europeu, um grupo de sacerdotes publicou um
apelo à desobediência, referindo ao mesmo tempo também exemplos concretos de
como exprimir esta desobediência, que deveria ignorar até mesmo decisões
definitivas do Magistério, como, por exemplo, na questão relativa à Ordenação
das mulheres, a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de
maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer
autorização para o fazer.”
E levanta uma questão pertinente:
“Nesta desobediência pode-se intuir algo
daquela configuração a Cristo que é o pressuposto para uma verdadeira
renovação, ou, pelo contrário, não é apenas um impulso desesperado de fazer
qualquer coisa, de transformar a Igreja segundo os nossos desejos e as nossas
ideias?”
O Santo Padre deu depois o
exemplo de obediência de Jesus Cristo, que veio para cumprir a vontade de Deus
Pai: "Ele concretizou a Sua missão através
da Sua própria obediência e humildade até à Cruz”.
Tal como Ele foi obediente até à
morte, também nós devemos obediência à Santa Igreja que nos transmite e ensina
o que Deus determina para o Seu povo.
Na Sexta-feira Santa, na
tradicional Via-Sacra no Coliseu de Roma, o Papa destacou o valor da família
cristã e as dificuldades que as famílias atravessam nos dias de hoje: “Incompreensões, divisões, preocupação com o futuro dos filhos,
doenças, incómodos de vários tipos. Para além disso, a situação de muitas
famílias vê-se agravada, hoje em dia, pela precariedade do emprego".
Bento XVI convidou as famílias em
dificuldades a olharem para a Cruz de Cristo e nessa mesma Cruz encontrarem
auxílio para os seus sofrimentos: “Quando
passamos pela prova, quando as nossas famílias enfrentam o sofrimento, a
tribulação, olhemos para a Cruz de Cristo! Nela encontraremos a coragem para
prosseguir o caminho rumo à esperança.”
Já no Sábado Santo, na homilia da
Vigília Pascal, o Santo Padre referiu que a verdadeira ameaça para a humanidade
é a ausência de Deus e de valores e apresentou a Fé como o único farol que deve
iluminar a humanidade.
“A escuridão que verdadeiramente ameaça o homem é o facto de que ele
não vê para onde vai o mundo e donde o mesmo veio. Nem para onde vai a sua
própria vida, nem o que é o bem e o que é o mal.” – afirmou Bento XVI.
Para o Sumo Pontífice, a falta
deste discernimento entre o que é o bem e o que é o mal leva a que todas as
descobertas do Homem deixem de ser progressos, mas ameaças: “O mal não vem do ser que é criado por Deus,
mas existe em virtude da Sua negação. É o resultado do «não» dado a Deus. Esta
escuridão acerca de Deus e a escuridão acerca dos valores são a verdadeira
ameaça para a nossa existência e para o mundo em geral”.
Mas o Papa apresenta uma maneira
de discernirmos correctamente entre o que é bom e o que é mau: A Fé. “Para isto serve a Fé, que nos mostra a
luz de Deus, a verdadeira iluminação: aquela é uma irrupção da luz de Deus no
nosso mundo, uma abertura dos nossos olhos à verdadeira luz.”
A Mensagem do Dia de Páscoa ficou
marcada pelos apelos à paz no Médio Oriente:
“De forma particular cesse, na Síria, o derramamento de sangue e
adopte-se, sem demora, o caminho do respeito, do diálogo e da reconciliação. (…)
Que a vitória pascal encoraje o povo iraquiano a não poupar esforços para
avançar no caminho da estabilidade e do progresso. Na Terra Santa, israelitas e
palestinos retomem, com coragem, o processo de paz.”
Também não foram esquecidos os
países africanos onde muitos cristãos são perseguidos e mortos pelos inimigos
da Fé Católica, pedindo por estas comunidades cristãs, garantindo o conforto da
Igreja para estes seus filhos, confirmando-os na esperança: “Cristo é esperança e conforto de modo
particular para as comunidades cristãs que mais são provadas com discriminações
e perseguições por causa da fé. E, através da Sua Igreja, está presente como
força de esperança em cada situação humana de sofrimento e de injustiça.”
“Confiemo-nos à Mãe
de Cristo. Ela que acompanhou o seu Filho ao longo da via dolorosa, Ela que
esteve aos pés da Cruz na hora da sua morte, Ela que encorajou a Igreja desde o
seu nascimento a viver na presença do Senhor, conduza os nossos corações rumo à
luz que irrompe da Ressurreição de Cristo e manifesta a vitória definitiva do
amor, da alegria e da vida, sobre o mal, o sofrimento e a morte.”
(Papa Bento XVI na
conclusão da Via Sacra, 6 de Abril de 2012)
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