Realizou-se no dia 1 de Abril na Basílica de
Mafra a terceira Procissão Quaresmal, tradicionalmente chamada de "Procissão
da Burrinha", mas cujo nome correcto é "Procissão das Dores de Nossa
Senhora".
Mais uma vez, devido às obras no espaço envolvente
ao Palácio Nacional de Mafra, a procissão não se pôde realizar. No entanto, a
Irmandade do Santíssimo Sacramento e os paroquianos não quiseram deixar de
meditar nas Sete Dores de Nossa Senhora. Assim, os oito andores que constituem
esta procissão estiveram expostos para veneração e para a oração da Via Matris. Esta procissão é celebrada no Domingo de Ramos uma vez, no calendário litúrgico antigo, a Festa de Nossa Senhora das Dores era na primeira Sexta-feira da Paixão, ou seja, na Sexta-feira antes do Domingo de Ramos.
A primeira procissão das “Sete Dores de Nossa
Senhora” saiu às ruas da Vila de Mafra no ano de 1793, sendo na época da
responsabilidade da Irmandade de Nossa Senhora das Dores, que para além da manutenção
do antigo Hospital de Mafra, tinha a responsabilidade de organizar esta
procissão com cerca de 43 imagens, feitas em pasta de papel, cuja execução se
atribui, possivelmente ao último dirigente da Escola de Escultura de Mafra.
A celebração de hoje teve início com a Eucaristia que foi presidida pelo Padre Luís Barros, tendo estado presentes o
diácono assistente da paróquia e pelo diácono Duarte Sousa que frequenta o
último ano no Seminário dos Olivais e a quem foi incumbida a missão de pregar
na homilia.
«A liturgia
desde Domingo em que se inicia a Semana Santa - o pórtico maior para a Páscoa -
aponta-nos para o mistério da Morte de Jesus. (...) O salmo de hoje foi o mesmo
que Jesus recitou na cruz. A interrogação "Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonastes?" não demonstra falta de fé ou de confiança em Deus, mas uma
oração de abandono e entrega à vontade do Pai».
Relativamente ao Evangelho, no qual é relatada a
Paixão e Morte de Jesus, o diácono Duarte lembrou que «o mesmo Jesus que é aclamado rei no Domingo de Ramos é o que é
crucificado, sendo o seu trono a cruz e a sua coroa, feita de espinhos».
Uma vez que na procissão de hoje foram lembradas as
Dores de Nossa Senhora, o pregador não quis deixar de fazer referência ao
sofrimento da Mãe de Jesus e ao Seu exemplo de obediência à vontade de Deus: «Nossa Senhora é o exemplo mais perfeito de
quem segue Jesus. Aceitou fazer sempre a vontade de Deus. O 'SIM' de Maria dado
na Anunciação foi o primeiro de muitos, pois toda a Sua vida foi um 'sim', até
nas horas de maior dor. Maria é para nós o modelo de perfeição cristã, uma vez
que fez dos momentos de dor uma oportunidade de entrega e obediência a Deus,
tal como o Seu Filho Jesus Cristo».
Após a celebração da Santa Missa teve início a
Oração da Via Matris na qual se
meditou mais profundamente nas Dores da Virgem Maria percorrendo os andores que
estavam expostos na Basílica.
Desde a "Profecia de Simeão", passando
pela "Fuga para o Egipto", a "Perda e Encontro do Menino Jesus
no Templo", Nossa Senhora viveu momentos de verdadeira angústia e
sofrimento no "Encontro a Caminho do Calvário" e na
"Morte de Jesus na Cruz". A Dor de Maria não terminou com a morte de
Seu Filho, pois ainda recebeu nos Seus braços o mesmo corpo que tinha dado à
luz, aquando da "Descida da Cruz". A última espada que trespassou a
alma de Nossa Senhora foi quando, dolorosamente, acompanhou a deposição do corpo
de "Jesus no Sepulcro".
Antes de terminar esta oração, foi ainda dirigida
uma prece a Nossa Senhora das Dores, cujo andor estava na Capela das Santas
Virgens e Viúvas da Ordem Seráfica.
A celebração terminou com uma pequena veneração ao Santo Lenho seguida da bênção com esta relíquia da Cruz de Jesus.
De pé, a Mãe Dolorosa
junto da cruz, lacrimosa,
viu o Filho que pendia.
Na sua alma agoniada,
penetrou a dura espada
de uma antiga profecia.
Quanta angústia não sentia,
a Mãe Piedosa quando via
as penas do Filho Seu.
(Stabat Mater)
Nota Histórica da Procissão gentilmente cedida pela
Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra
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