O Padre Fabrizio nasceu em
Nápoles (Itália), no dia 8 de Setembro de 1982 e viveu um grande sofrimento nos
últimos meses, mas sempre com fé e força interior, vindo a falecer no dia 1 de
Janeiro deste ano. Partilhamos a carta que ele enviou ao Papa Francisco,
oferecendo as suas dores e a sua vida
pelo Santo Padre e pela Igreja:
«A Sua Santidade o Papa Francisco:
Santo Padre,
Nas orações diárias que dirijo a Deus, não deixo de rezar por vós e
pelo ministério que Deus vos confiou, para que Ele possa dar forças e alegria
para continuar anunciando a boa nova do Evangelho.
Eu chamo-me Fabrizio De Michino e sou um jovem padre da diocese de
Nápoles. Tenho 31 anos e há cinco que sou sacerdote. Desempenho o meu serviço
no Seminário Arcebispal de Nápoles como professor de um grupo de diáconos, e uma paróquia em Ponticelli, que se encontra
na periferia de Nápoles. A paróquia, recordando o milagre registrado na colina
Esquilino, recebe o nome de Nossa Senhora das Neves.
Ponticelli é um bairro degradado
pela sua pobreza e alta criminalidade, mas a
cada dia descubro verdadeiramente a beleza de ver o que o Senhor realiza
nestas pessoas que confiam em Deus e na Virgem.
Também eu, desde que estou nesta paróquia, pude ampliar cada vez mais meu amor pela Mãe Celeste,
experimentando também nas dificuldades a sua proximidade e protecção.
Infelizmente, há três anos eu luto contra uma doença rara: um tumor no interior
do coração. Há um mês estou com metástases no fígado e no baço. Nesses anos
difíceis, no entanto, nunca perdi a alegria de ser anunciador do Evangelho.
Também no cansaço eu percebo, verdadeiramente, esta força que não vem de mim,
mas de Deus, que me permite desempenhar com simplicidade o meu ministério. Há
uma citação bíblica que me tem acompanhado e me enche de confiança na força do
Senhor: “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo;
tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez
36, 26).
Neste tempo tem sido muito próxima
a presença do meu bispo, o Cardeal Crescenzio Sepe, que me apoia
constantemente, ainda que às vezes me peça para descansar, para que eu não me
sobrecarregue.
Agradeço a Deus também pelos meus
familiares e amigos sacerdotes que me ajudam e apoiam, sobretudo quando faço os
tratamentos, compartilhando comigo os momentos de inevitável sofrimento. Também
os meus médicos me apoiam muito e fazem o impossível para encontrar os
tratamentos adequados para mim.
Santo Padre,
Estou a alongar-me muito, mas só
quero dizer que ofereço a Deus tudo isto,
pelo bem da Igreja e por vós de um modo especial, para que Deus o abençoe
sempre e o acompanhe nesse ministério de serviço e amor.
Eu lhe rogo que reze por mim: o que peço todos os dias ao Senhor é que
seja feita a Sua vontade, sempre e em toda as parte. Não peço a Deus a minha cura, mas a força e a alegria de continuar
sendo um verdadeiro testemunho do Seu amor e um sacerdote segundo o Seu
coração.
Seguro das vossas orações paternas, o saúdo devotamente.
Padre Fabrizio De Michino
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