"Raios de Luz"


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um jovem Padre escreve ao Papa antes de morrer

O Padre Fabrizio nasceu em Nápoles (Itália), no dia 8 de Setembro de 1982 e viveu um grande sofrimento nos últimos meses, mas sempre com fé e força interior, vindo a falecer no dia 1 de Janeiro deste ano. Partilhamos a carta que ele enviou ao Papa Francisco, oferecendo as suas dores e a sua vida pelo Santo Padre e pela Igreja:
 
 
 
«A Sua Santidade o Papa Francisco:
Santo Padre,
 
Nas orações diárias que dirijo a Deus, não deixo de rezar por vós e pelo ministério que Deus vos confiou, para que Ele possa dar forças e alegria para continuar anunciando a boa nova do Evangelho.
 
Eu chamo-me Fabrizio De Michino e sou um jovem padre da diocese de Nápoles. Tenho 31 anos e há cinco que sou sacerdote. Desempenho o meu serviço no Seminário Arcebispal de Nápoles como professor de um grupo de diáconos,  e uma paróquia em Ponticelli, que se encontra na periferia de Nápoles. A paróquia, recordando o milagre registrado na colina Esquilino, recebe o nome de Nossa Senhora das Neves.
 Ponticelli é um bairro degradado pela sua pobreza e alta criminalidade, mas a cada dia descubro verdadeiramente a beleza de ver o que o Senhor realiza nestas pessoas que confiam em Deus e na Virgem.
Também eu, desde que estou nesta paróquia, pude ampliar cada vez mais meu amor pela Mãe Celeste, experimentando também nas dificuldades a sua proximidade e protecção. Infelizmente, há três anos eu luto contra uma doença rara: um tumor no interior do coração. Há um mês estou com metástases no fígado e no baço. Nesses anos difíceis, no entanto, nunca perdi a alegria de ser anunciador do Evangelho. Também no cansaço eu percebo, verdadeiramente, esta força que não vem de mim, mas de Deus, que me permite desempenhar com simplicidade o meu ministério. Há uma citação bíblica que me tem acompanhado e me enche de confiança na força do Senhor: “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36, 26).
 Neste tempo tem sido muito próxima a presença do meu bispo, o Cardeal Crescenzio Sepe, que me apoia constantemente, ainda que às vezes me peça para descansar, para que eu não me sobrecarregue.
 Agradeço a Deus também pelos meus familiares e amigos sacerdotes que me ajudam e apoiam, sobretudo quando faço os tratamentos, compartilhando comigo os momentos de inevitável sofrimento. Também os meus médicos me apoiam muito e fazem o impossível para encontrar os tratamentos adequados para mim.
 
Santo Padre,
Estou a alongar-me muito, mas só quero dizer que ofereço a Deus tudo isto, pelo bem da Igreja e por vós de um modo especial, para que Deus o abençoe sempre e o acompanhe nesse ministério de serviço e amor.
Eu lhe rogo que reze por mim: o que peço todos os dias ao Senhor é que seja feita a Sua vontade, sempre e em toda as parte. Não peço a Deus a minha cura, mas a força e a alegria de continuar sendo um verdadeiro testemunho do Seu amor e um sacerdote segundo o Seu coração.
Seguro das vossas orações paternas, o saúdo devotamente.
Padre Fabrizio De Michino

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