Iniciamos a Semana Santa, também chamada de “Semana Maior”,
com o Domingo de Ramos, em que se recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Cristo é aclamado como um Rei, na Sua entrada na Cidade Santa, sendo por isso que as procissões que se fazem antes da Missa neste Domingo são chamadas de "Procissões da Realeza de Cristo".
Não é fácil entendermos a realeza de Cristo com os
olhos deste mundo. Estamos diante de um homem que é trazido a
julgamento porque Se fez Rei. “Então és tu rei?”, perguntou Pilatos. Com os olhos do mundo, vemos um Rei como um senhor absoluto, um dominador, um poderoso. Dificilmente conceberíamos, numa visão meramente humana e terrena, um Rei apresentado como um homem sofrido, pobre, julgado
à morte.
E, no entanto, a resposta de Jesus é afirmativa e conclusiva: "É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo, para dar testemunho da
verdade. E quem é da verdade escuta Minha voz.” (Cf. Jo.18, 33-37).
Numa outra passagem do Evangelho, Jesus diz que os poderosos deste
mundo querem mandar e serem servidos. ”Mas entre vós não deverá ser assim. Ao
contrário aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que
serve…Deste modo o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida pela vida de muitos". (Cf. Mt.20, 25-28)
Como, então entender esta realeza que se marca pelo serviço
e este Rei que tem na fronte uma coroa de espinhos e, por trono, o patíbulo da cruz?
Marcada pelo pecado do orgulho, a humanidade quis prescindir
da verdade e deixar-se dominar pela soberba. Rejeitou a Deus e tentou sujeitar a si todas
as coisas, escravizando-as. Inverteu a ordem das leis naturais e do universo. A criatura quer tornar-se o criador, tudo quer submeter a seus pés. O Homem quer sentir-se dono deste mundo, não percebendo que, desse modo, serve ao Príncipe deste Mundo - Satanás -e não a Deus.
Se a humanidade hoje é dominada pela soberba, herdou-a dos nossos primeiros pais que, pela sua desobediência, destabilizaram a ordem natural a que Deus tinha sujeitado o mundo. Para restaurar a
beleza e a ordem, o Verbo faz-Se carne humana e, no culminar da obra da Redenção, entra em Jerusalém para oferecer a Sua vida em resgate do género humano.
Foi precisamente para devolver a dignidade ao ser humano, perdida após o pecado original, que Cristo Se ofereceu no altar da Cruz, apagando com
seu sangue o pecado e estabelecendo um novo reino, uma nova terra, um reino de
santidade e de vida, de justiça, de amor e de paz.
O Domingo de Ramos, no qual se inicia a Semana Santa, é uma celebração
de esperança porque o cristão é lembrado de que não deve colocar a sua
esperança nas coisas deste mundo, mas no que é eterno, na perspectiva de
Cristo e da Sua Cruz, no amor que constrói a reconciliação e a paz.
Neste Domingo, anuncia-se a vitória de Cristo e a proclamação
da Sua Paixão. Deve ser celebrado com toda a
reverência e meditação sobre o seu significado, preparando de um modo mais intenso as celebrações da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor.
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