Quando ouvimos ou rezamos o cântico Magnificat,
com o qual Nossa Senhora louvou a Deus, na visita à casa de Sua prima Santa
Isabel, poderíamos pensar que Virgem Maria Se exaltou a Si mesma, pelas
maravilhas que n’Ela foram feitas.
Porém, se estivermos bem atentos, vemos facilmente que na Virgem Mãe não existe falsa modéstia nem
desejo de Se exaltar. Não nega nem esconde as maravilhas que Deus fez n’Ela,
mas logo em seguida glorifica a Deus, o Autor de tantas e tão belas maravilhas:
“O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o Seu nome.” (Lc 1, 46-55)
E que maravilhas fez Deus em
Maria? O Criador fez com que Ela fosse concebida Imaculada, sem a mancha do
pecado original, encheu-a de graças celestes, preservou-a de todo o pecado ao
longo da Sua vida, fez d’Ela nascer o Seu Filho Jesus Cristo, confiou a Igreja
primitiva à Sua protecção e, por fim, não deixou que a morte corrompesse a carne da mais santa das mulheres e elevou-A em corpo e alma ao Céu.
Não admira, portanto, que
Nossa Senhora se alegre em Deus e O louve por tudo o que Ele fez n’Ela e
através d’Ela. Por isso, por ser a Cheia de Graça, também reconhece o quanto Deus quer que Ela seja amada e venerada,
dizendo no mesmo cântico, em tom profético: “De
hoje em diante, todas as gerações me hão-de chamar bem-aventurada”. (Lc 1,
48)
Na nossa vida, muitas vezes somos falsamente modestos. Para
recebermos ainda mais elogios, para sermos politicamente correctos ou porque
fica bem, negamos ou minimizamos o que fazemos de bom. Assim, não estamos a dar
valor às graças que nos foram concedidas por Deus e, em última análise, a
sermos mentirosos. Outras vezes, por
vergonha, não usamos as nossas qualidades e aptidões para testemunharmos e
anunciarmos a nossa Fé.
Ou então, pelo contrário,
gostamos muito de apregoar aos quatro ventos aquilo que de bom fazemos, as
vitórias que alcançamos, a mostrar ao mundo aquilo em que somos bons, esperando
elogios e promoções, procurando um reconhecimento e, com frequência, mostramo-nos orgulhosamente como “os melhores
do mundo”, por termos conseguido alguma coisa em que até nos esforçámos…
Mas Maria, se por um lado sempre
reconheceu que Deus tinha feita n’Ela maravilhas, por outro sempre quis deixar
bem claro que tudo o que era, tudo o que tinha, todas as Suas qualidades e
privilégios eram fruto da bondade de Nosso Senhor para com Ela e para com o
mundo que precisava de ser salvo por Aquele que viria a ser Seu Filho!
Como estamos longe do exemplo
de Nossa Senhora! Ela, a criatura humana que mais razões tinha para Se exaltar,
quis manter-se na Sua pequenez e humildade. E, por Se humilhar, foi exaltada
acima dos Anjos e é agora a Rainha do Céu e da Terra. E nós pensamos que, só pelos
nossos méritos pequeninos, conseguimos grandes coisas, esquecendo-nos que sem
Deus nada podemos fazer, nem sequer existir…
Aprendamos com a nossa Mãe do
Céu a agradecer e a louvar a Deus, em primeiro lugar, pelas maravilhas que Ele
faz continuamente em nós, por nós e para nós. Depois, aprendamos com Nossa
Senhora a deixar que essas maravilhas conduzam os outros até Deus. E por fim,
peçamos à Virgem Santíssima o dom de reconhecermos todas as maravilhas que Deus faz em
nós, para podermos um dia cantar com Ela e como Ela:
“Maravilhas fez em mim
Minh'alma canta de gozo
Pois na minha pequenez
Se detiveram Seus olhos
E o Santo e Poderoso
Espera hoje por meu sim.
Minha alma canta de gozo,
Maravilhas fez em mim.
Maravilhas fez em mim
Da alma brota meu canto
O Senhor me amou
Mais que aos lírios do campo
E por Seu Espírito Santo
Ele habita hoje em mim
Que não pare nunca este canto
Maravilhas fez em mim.”
Para ter acesso ao audio deste cântico, clique no seguinte link.
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