Por ocasião da Solenidade de
Corpus Christi, que celebramos nesta Quinta-feira, falaremos a respeito da proximidade entre Jesus Eucarístico e a
Virgem Maria. Esta reflexão será feita a partir do pensamento do Papa João
Paulo II, expresso no documento “A Eucaristia: fonte e ápice da vida e da
missão da Igreja”, Instrumentum laboris,
de 7 de julho, do Sínodo dos Bispos no Ano da Eucaristia em 2005.
João Paulo II, cujo pensamento em
relação a Maria está intimamente ligado com a consagração total a Santíssima
Virgem, foi quem deu início ao “Ano da
Eucaristia”, que foi um tempo de muito rico para a Igreja. O Documento do
qual tratamos, certamente inspirado nas palavras e no pensamento de João Paulo,
que havia falecido a pouco mais de três meses, nos recorda as palavras de Santo
Ireneu, que dizia: “A Eucaristia é o resumo e a suma da nossa fé”.
Na Eucaristia vemos a realização
da aliança com Deus, a aliança da fé, da qual o homem precisa para viver. “Se não acreditardes, não vos mantereis
firmes” (Is 7,9b). A Eucaristia é a
Nova e Eterna Aliança, que Jesus Cristo nos deixou no Sacramento do Seu
Corpo e do Seu Sangue. Na Eucaristia, pela fé, reconhecemos e acolhemos Jesus
Cristo como num encontro, no qual nos envolvemos totalmente, como “Maria, modelo de fé plenamente realizada”.
A Eucaristia é o centro da liturgia, na qual está “presente a Trindade, adorada eternamente
por Maria e pelos anjos que servem a Deus, oferecendo-nos um modelo do
serviço”. Deus também é adorado pelos santos e justos, que estão na sua
presença, intercedendo por nós e pelas almas do purgatório.
Dessa forma, a Igreja manifesta-se como família de Deus, que está diante do Senhor em adoração, mas, ao
mesmo tempo, está voltada para aqueles que ainda não alcançaram a salvação.
Dentre aqueles que estão diante de Deus, a Virgem Maria ocupa um lugar
privilegiado pois cremos, com o Papa Leão XIII, que Ela é a mediadora de todas as graças.
Em conformidade com o pensamento
do Papa João Paulo II, afirma-se que: “Entre
todos os santos, a Santíssima Virgem Maria resplandece como modelo de santidade
e de espiritualidade eucarística”. A Tradição da Igreja atesta que o nome de Maria é recordado com veneração
nas orações da Santa Missa. Maria está tão ligada ao mistério eucarístico
que, na Encíclica Ecclesia de Eucharistia,
João Paulo II a chamou de “Mulher eucarística”.
Em Maria realiza-se a relação
entre a Mãe e o Filho de Deus, que recebeu o Seu Corpo e Sangue da Virgem. Nela
se realiza também a íntima relação que une a Igreja e a Eucaristia, pois Maria
é modelo e figura da Igreja, cuja vida e missão tem a fonte e o ápice no Corpo
e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Maria viveu em espírito
eucarístico antes da instituição do Sacramento, pois ofereceu o Seu seio
virginal para a encarnação do Verbo. “Durante nove meses, foi o tabernáculo vivo
de Deus”. Ela realizou um gesto eucarístico e eclesial, ao apresentar o
Menino Jesus aos pastores, aos magos e ao Sumo Sacerdote no Templo. Ofereceu o Fruto bendito do seu ventre ao
Povo de Deus e aos gentios, para que O adorassem e O reconhecessem como
Messias. A Virgem Mãe, aos pés da cruz, participou dos sofrimentos do seu
Filho. Depois, acolheu o Senhor morto nos braços e colocou-O na sepultura, como
“semente secreta de ressurreição e de
vida nova para a salvação do mundo”. A presença de Maria no Pentecostes, na
efusão do Espírito Santo, primeiro dom do Senhor Ressuscitado à Igreja nascente,
foi também uma oferta de natureza eucarística e eclesial.
A Virgem Maria, Mãe de Deus que,
deu a Sua carne imaculada ao Filho de Deus, estabeleceu para sempre uma relação
exclusiva com o Mistério eucarístico. “Em
Maria, a mulher eucarística por excelência, a Igreja contempla, não só o seu
modelo mais perfeito, mas também a realização antecipada do ‘novo céu’ e da
‘nova terra’, que a criação inteira espera com fervoroso anseio”.
Maria é a mulher eucarística, que gerou o Corpo e o Sangue de Cristo.
Por isso, como membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja, somos também
formados no ventre virginal de Maria. Nesse processo de formação, a consagração
a Nossa Senhora tem particular importância, pois conforma-nos a Jesus Cristo de
forma mais plena e faz-nos participar melhor nos Sacramentos,
principalmente o da Eucaristia, que é a fonte e o ápice da vida e da missão da
Igreja.
Somos chamados a consagrar-nos a Maria, mulher eucarística e a invocar a
Sua intercessão, para que sejamos fiéis à missão que nos foi confiada por
Cristo, para a maior glória de Deus e para a salvação dos homens e do mundo.
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