«Pater, in manus tuas commendo spiritum meum»
É esta a última palavra que Jesus profere com
confiança filial e perfeita resignação com a vontade de Deus. Celebramos hoje a
Sexta-feira da Paixão do Senhor. Depois de meditarmos nestes últimos dias, o
que aconteceu a Jesus desde a Sua entrada triunfal em Jesus, hoje contemplamos
o Senhor pregado da cruz, entre dois ladrões, como se de um malfeitor se
tratasse.
As últimas palavras de Jesus
demonstram que Ele não estava no mundo para fazer a Sua vontade, mas a de Seu
excelso Pai, Nosso Senhor. E colocando-se nas mãos de Deus, Jesus estava
disposto a suportar, se fosse vontade divina, maior padecimento sobre a cruz.
Poder-nos-íamos questionar se
algumas vez seríamos de fazer o mesmo nas nossas vidas. Será que seríamos
capazes de entregá-La por Deus, padecendo os suplícios que nos fossem impostos?
Quantos mártires já fizeram parte dos dois mil anos de história da Santa
Igreja. De certo que todos eles olharam para a entrega total de Jesus na Cruz e
foram capazes de entregar as suas vidas nas mãos do Pai.
Pelas três horas da tarde, a
morte abeira-se de Jesus, e enquanto treme a terra, se abrem os túmulos e se
rasga o véu do templo, as forças de Nosso Senhor vão-lhe falhando e eis que ao
abandonar o corpo, deixa cair a cabeça e expira: «Tudo está consumado».
Todos aqueles que estavam com
Jesus, por causa da força com que proferiu as Suas últimas palavras,
contemplam-no silenciosamente, e vendo-o expirar dizem: o Senhor morreu!
O Autor da Vida morreu!
«Vem minha alma, levanta os olhos e contempla o Cordeiro Divino já
imolado no altar da cruz; lembra-te que Ele é o Filho predilecto do Pai e que
morreu pelo amor que te tem dedicado. Vê esses braços abertos para te
acolherem, a cabeça inclinada e o lado perfurado para te receber.»
Santo Afonso convida-nos a olhar
para o amor com que Jesus nos ama e que culminou na cruz. Deus não poupou a Sua
própria pessoa para demonstrar o quanto nos ama.
«Meu Jesus, lançai sobre mim um esse olhar afectuoso com que me olháveis
da cruz, olhai-me, iluminai-me e perdoai-me! Perdoai-me em particular a
ingratidão que tenho para convosco, pensando tão pouco na Vossa Paixão e no
amor que nela me tendes demonstrado».
Ao contemplarmos o triste cenário
da morte do Autor da Vida no madeiro da cruz, detenhamo-nos naquilo que foi
esta entrega. Jesus padeceu, foi açoitado, coroado de espinhos, pregado num madeiro
e posto à vista de todos. Muitos foram
aqueles que O escarneceram e duvidaram da Sua Divindade.
Quantas vezes, também nós o
açoitamos com os nossos pecados? Sem termos consciência do que Jesus sofreu ao
ser trespassado por aqueles pregos, ofendemo-lo, ofendemos a Sua Santa Mãe e
carregamos ainda mais nos cravos que chagaram as Suas benditas mãos.
Ó Maria, minha Mãe e Mãe das Dores, Vós que chorastes amargamente a morte
do Vosso Filho no madeiro da cruz, purificai-me com as Vossas lágrimas, para
que me emende e procure, em tudo e sempre, ser verdadeiramente um filho amado
de Deus Pai Todo-Poderoso.
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