"Raios de Luz"


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

"Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo"

No Evangelho deste Domingo, o XXIV do Tempo Comum, vamos ouvir um diálogo entre São Pedro e Jesus.

Depois de proclamar Jesus como o Messias, Pedro escandaliza-se com as palavras de Cristo, que começa a falar da Sua Paixão e tenta explicar que a Sua missão passa necessariamente por sofrer e morrer. 

O pescador não quer aceitar que o Seu Mestre seja rejeitado e que tenha de sofrer muito, para depois morrer crucificado. Ele não percebe que tudo isso faz parte do plano de Deus Pai para a redenção da humanidade e chama Jesus à parte para O contrariar. Reconhecendo nas palavras de Pedro uma verdadeira influência diabólica, Jesus dirige-se a ele duramente:  “Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens”.

De facto, se pela morte de Cristo fomos libertos do pecado e da morte eterna, como poderia o Demónio aceitar todo esse sofrimento que Jesus viria a sofrer na Sua Paixão, se foi por esse mesmo sacrifício que Ele nos abriu a porta do Céu, fechada pelo pecado de Adão?

Jesus repreende Pedro severamente porque reconhece que o Príncipe dos Apóstolos está a deixar-se levar por pensamentos meramente humanos, influenciado pelo Maligno.

A Cristo interessa que todos – principalmente Pedro, a quem Ele confiou as chaves da Sua Igreja – conheçam a Verdade e que não se deixem enganar:

«Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».

Se nos dizemos cristãos, temos de nos assemelhar com Jesus Cristo. E se Ele teve de tomar a Sua cruz e de sofrer até à morte, não teremos nós também de carregar a nossa cruz para sermos dignos de O seguir?

Reparemos que Jesus faz um aviso muito sério, ainda mais sério nos dias de hoje, em que tudo tende para o facilitismo, para a auto-suficiência e para o prazer. Jesus pede em primeiro lugar para renunciarmos a nós mesmos, ou seja, dizermos NÃO a tudo aquilo que nos torna fechados, mesquinhos, a tudo aquilo que nos afasta d’Ele. Renunciarmos a nós mesmos é tentar controlar e moderar aqueles desejos, acções ou pensamentos que existem em nós mas que não são dignas de um católico.

Depois então, Jesus pede para aceitarmos a nossa cruz com amor, como Ele aceitou a Sua. Esta cruz – ou cruzes - são as dificuldades, as crises materiais e espirituais que vão aparecendo na vida, são as calúnias, a perseguição e tudo aquilo que sofremos por professarmos a Fé da Igreja, a Fé em Jesus Cristo.

Logo em seguida, Jesus avisa quem escolhe desligar-se de si mesmo e decidir segui-Lo: Há o risco máximo de perdermos a vida terrena por causa de Jesus! Ao contrário das muitas seitas e falsas crenças (algumas até usam a imagem e as palavras de Cristo) que garantem o rápido bem-estar material e espiritual, dinheiro, a cura de doenças ou a conformidade com o pensamento mundano, Jesus diz claramente que o caminho para o Céu é um caminho difícil, um caminho de provações e sofrimentos. Mas garante também que quem sofrer e morrer por Sua causa, ganhará a vida eterna.

Aprendamos a pensar mais pela perspectiva de Deus e não tanto pela perspectiva meramente humana. Só assim estaremos a renunciar a nós próprios e a entregarmo-nos a Cristo, que já carregou no Madeiro todos os nossos sofrimentos e nos ajuda a suportarmos as cruzes que Deus nos envia.

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